História do Ju Jitsu
O Ju Jitsu, cuja tradução literal do japonês é "arte suave" ou "técnica flexível", é uma arte marcial milenar que remonta ao Japão feudal. Originou-se como um conjunto de técnicas de combate utilizadas pelos samurais, guerreiros da aristocracia japonesa, que precisavam se defender quando estavam desarmados ou em situações em que suas espadas, como a katana, não eram viáveis.
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No campo de batalha, os samurais precisavam de um sistema eficaz para imobilizar, desarmar e neutralizar seus inimigos. O Ju Jitsu foi desenvolvido como uma combinação de golpes, torções, arremessos, chaves e estrangulamentos, com o objetivo de usar a força e a agressividade do oponente contra ele próprio. Essa abordagem inteligente evitava confrontos diretos de força bruta, pois muitos samurais usavam armaduras pesadas que restringiam seus movimentos.
Diferentemente de outras artes marciais baseadas em armas ou técnicas mais agressivas, o Ju Jitsu focava na eficiência e no controle, alinhando-se aos princípios filosóficos do "caminho do guerreiro" (Bushido). Esses valores pregavam o equilíbrio entre força física, humildade e ética.
Origens no Japão Feudal
Desenvolvimento e Difusão
Durante o período Edo (1603–1868), o Japão viveu uma era de relativa paz, e os samurais começaram a perder seu papel predominante nos combates. Nesse contexto, o Ju Jitsu evoluiu de uma arte de guerra para uma prática marcial mais sistemática e adaptada à autodefesa. Durante esse período, surgiram diversas escolas (ou ryu) de Ju Jitsu, cada uma com estilos e técnicas distintas.
Com a modernização do Japão no final do século XIX, várias artes marciais tradicionais perderam sua popularidade devido à influência ocidental. No entanto, Jigoro Kano, um praticante de Ju Jitsu, adaptou os princípios da arte para criar o Judô em 1882, um esporte mais seguro e competitivo, que também ajudou a preservar aspectos do Ju Jitsu.
Associação Paulista Kobudo de Ju Jitsu
O Ju Jitsu começou a se espalhar pelo mundo no início do século XX, trazido por imigrantes japoneses e mestres que viajaram para o Ocidente. No Brasil, ganhou grande destaque na década de 1920, quando Mitsuyo Maeda, conhecido como "Conde Koma", ensinou a arte à família Gracie. Eles adaptaram e desenvolveram o estilo que mais tarde se tornou conhecido como Jiu Jitsu Brasileiro (ou Brazilian Jiu Jitsu – BJJ), com foco em combate no chão e submissões.
Os Fadda têm um papel significativo na história do Ju Jitsu brasileiro, especialmente no contexto do desenvolvimento e popularização da modalidade fora do eixo dominado pela família Gracie. A história dos Fadda é uma peça importante no mosaico do Ju Jitsu brasileiro, destacando como o esporte ganhou raízes mais amplas e acessíveis ao longo do tempo.
Introdução ao Ocidente
A Filosofia dos Fadda
Oswaldo Fadda pregava os valores do respeito, disciplina e inclusão. Ele acreditava que o Ju Jitsu era mais do que um esporte ou uma arte marcial; era um caminho para moldar o caráter e transformar vidas. Essa visão está alinhada com os princípios do Bushido, o código de ética dos samurais, que também permeia a filosofia marcial do Ju Jitsu.
A linhagem Fadda teve início com Luiz França, um aluno de Mitsuyo Maeda, o mesmo mestre que ensinou Carlos Gracie. França, por sua vez, foi mentor de Oswaldo Fadda, que se tornou uma figura lendária no Ju Jitsu brasileiro. Fadda destacou-se por ensinar o esporte em comunidades periféricas, levando o Ju Jitsu para fora das elites e tornando-o acessível a classes menos privilegiadas.
Quem foram os Fadda?
O Impacto dos Fadda
Inclusão Social: Enquanto os Gracie concentravam suas atividades no Rio de Janeiro e em círculos sociais mais elevados, Fadda focou em comunidades mais humildes. Ele acreditava que o Ju Jitsu poderia ser uma ferramenta de transformação social, acessível a todos.
A Técnica de Luta no Chão: Oswaldo Fadda e sua equipe eram conhecidos por sua excelência em técnicas de luta no chão, especialmente as chaves de perna. Essas técnicas eram pouco exploradas na época e tornaram-se um diferencial do estilo Fadda.
O Desafio aos Gracie: Um momento icônico foi o desafio lançado pela equipe Fadda à família Gracie em 1951. Fadda e seus alunos enfrentaram a equipe Gracie e conquistaram vitórias importantes, provando a eficácia de suas técnicas e consolidando sua relevância no cenário do Ju Jitsu brasileiro.
Difusão do Ju Jitsu: Os Fadda ajudaram a expandir o Ju Jitsu para além do Rio de Janeiro, especialmente em estados como a Paraíba e o Rio Grande do Norte. Seu trabalho foi crucial para o crescimento do esporte no Brasil.
O Legado
Hoje, o legado dos Fadda é reconhecido como um pilar importante do Ju Jitsu brasileiro. A linhagem Fadda continua a existir através de suas academias e de professores que seguem sua filosofia. Sua contribuição ajudou a democratizar o esporte e a moldar o Ju Jitsu como uma prática acessível a todos.
Os Fadda representam uma abordagem inclusiva e técnica do Ju Jitsu, lembrando-nos de que o esporte tem o poder de unir e transformar pessoas, independentemente de suas origens sociais.
Origens: Luiz França e o Legado de Maeda
A história do Ju Jitsu no Brasil não é completa sem mencionar a importante contribuição da linhagem Fadda, que desempenhou um papel fundamental na democratização e expansão da arte marcial no país. A trajetória dos Fadda é marcada por inclusão, técnica e um profundo compromisso em transformar vidas por meio do Ju Jitsu.
O ponto de partida dos Fadda está ligado a Luiz França, um dos primeiros discípulos de Mitsuyo Maeda no Brasil. Maeda, também conhecido como Conde Koma, trouxe o Ju Jitsu japonês para o Brasil e ensinou alunos que viriam a ser os pilares do Ju Jitsu brasileiro. França aprendeu diretamente com Maeda e desenvolveu seu próprio estilo, priorizando a acessibilidade e a aplicação prática.
Luiz França transmitiu seus conhecimentos a Oswaldo Fadda, que se tornaria o principal expoente de sua linhagem. Ao contrário da família Gracie, que estava mais conectada às classes altas e médias, França e Fadda voltaram-se para as comunidades mais humildes, ensinando o esporte como ferramenta de inclusão social e transformação pessoal.
Oswaldo Fadda nasceu em Bento Ribeiro, um bairro periférico do Rio de Janeiro, em 1920. Desde jovem, ele se dedicou ao Ju Jitsu e começou a ensinar a arte marcial em comunidades carentes, muitas vezes em associações de bairro e igrejas. Ele acreditava que o Ju Jitsu deveria estar ao alcance de todos, independentemente da classe social.
Fadda foi um visionário que via no esporte não apenas um método de defesa pessoal, mas também um meio de construir disciplina, caráter e união entre as pessoas. Sua abordagem humanista do Ju Jitsu era profundamente enraizada em valores de respeito e igualdade.
Oswaldo Fadda: Um Mestre Fora do Eixo Tradicional
Um dos momentos mais icônicos da história dos Fadda ocorreu em 1951, quando Oswaldo Fadda lançou um desafio público à família Gracie, que já era famosa pelo seu estilo de Ju Jitsu. Ele queria provar que sua linhagem, focada em técnicas que não eram tão exploradas pelos Gracie, como as chaves de perna, era igualmente eficiente.
O desafio aconteceu na academia Gracie, e a equipe Fadda venceu diversas lutas, surpreendendo muitos. Após o confronto, Fadda declarou:
"Nós viemos das classes populares, mas mostramos que também sabemos fazer Ju Jitsu."
Esse evento não apenas legitimou a linhagem Fadda, mas também abriu os olhos da comunidade marcial para a existência de outras abordagens dentro do Ju Jitsu brasileiro.
O Grande Desafio: Enfrentando os Gracie
A Filosofia Fadda
Oswaldo Fadda acreditava que o Ju Jitsu tinha um propósito maior do que vencer competições. Ele via a arte marcial como um caminho de crescimento pessoal e coletivo. Seus ensinamentos estavam alinhados com os valores do Bushido, o código de conduta dos samurais, que prioriza respeito, honra, lealdade e coragem.
Fadda também destacou a importância da inclusão, levando o Ju Jitsu para comunidades onde o acesso ao esporte era praticamente inexistente. Para ele, o Ju Jitsu era uma ferramenta poderosa de transformação social, capaz de oferecer oportunidades e moldar futuros.
A Expansão do Ju Jitsu pelos Fadda
Os alunos de Oswaldo Fadda ajudaram a expandir sua filosofia e técnicas por várias regiões do Brasil, incluindo estados como Paraíba, Rio Grande do Norte e Maranhão. Por meio do ensino e da prática, eles contribuíram para a difusão do Ju Jitsu além dos grandes centros urbanos.
A linhagem Fadda também influenciou o desenvolvimento técnico do Ju Jitsu brasileiro, especialmente com a popularização das chaves de perna, que até então eram subutilizadas por outras escolas.
Hoje, a contribuição dos Fadda é reconhecida como um pilar essencial da história do Ju Jitsu no Brasil. Sua abordagem inclusiva e técnica continua a inspirar gerações de praticantes, professores e atletas. Mais do que isso, sua trajetória mostrou que o Ju Jitsu é para todos, independentemente de classe social, localização ou contexto.
A linhagem Fadda permanece viva em academias e associações que seguem sua filosofia, perpetuando sua visão de um Ju Jitsu que transforma vidas, une comunidades e promove a igualdade.